Uma impressão sobre as impressoras ecológicas

Por Bruno Rezende.

coluna zero, meio ambiente, consumo consciente, sustentabilidade, zero utopia, impressoras ecologicas

Você já deve ter visto por aí alguma renomada fabricante de impressoras vendendo seus equipamentos e componentes usando como apelo a questão ambiental, geralmente estampando nas embalagens uma folhinha, uma árvore ou algo semelhante. Mas até que ponto uma impressora ecológica é efetivamente responsável ambientalmente?

Não precisa procurar muito para encontrar uma empresa dizendo ser ambientalmente responsável só pelo fato de usarem papel 100% reciclado em seus escritórios. Legal, mas a tinta que vai nesse papel é ecológica? Não, não é. Para se ter uma idéia da gravidade do assunto, em 2007 uma universidade da Austrália fez um estudo com algumas impressoras a laser – modelo mais usado em empresas – e concluiu que trabalhar ao lado deste equipamento é o mesmo que passar o dia todo ao lado de um fumante. Saiba mais aqui

As impressoras "jato de tinta" são as campeãs de uso doméstico, pelo custo x benefício, mas não deixam de ser vilãs, pois a composição das tintas é carregada de produtos químicos pesados. Existem várias empresas que “reciclam” cartuchos velhos, na verdade só fazem a recarga deles. Tudo bem, ao recarregá-los evita-se a produção de mais cartuchos, reduzindo o uso de petróleo, mas não mudam a tinta que vai pro papel. Algumas fabricantes de tintas de impressora já estão alterando a composição, substituindo o solvente por óleo vegetal, o que ajuda a reduzir o estrago, reduzir...

3 argumentos muito usados para se vender impressoras supostamente ecológicas:
- Nossas impressoras economizam tantos % de energia (tá, o que mais?);
- Nossos cartuchos são separados, ou seja, você recarrega apenas a cor que acabou (aham);
- Nossas impressoras têm em sua composição tantos % de material reciclado (geralmente não passa de 15%);

Para tentar resolver este dilema, ou pelo menos criar novos dilemas, apresento esses três novos conceitos que podem substituir a tecnologia de impressão que conhecemos hoje.

O primeiro conceito é a Impressora Lápis, criada pelo designer Hoyoung Lee. A idéia é que você use aquele restinho de lápis – que sempre sobra no fundo da gaveta – até o fim. Isso mesmo, ao invés de tinta usa-se lápis. Um sistema elétrico separa a madeira do grafite para imprimir seus documentos. Além disso, é possível apagar o que foi impresso. Basta colocar uma borracha em um compartimento interno do aparelho. Uma boa economia de papel e uma forma de reciclar o lápis, já que existem poucas empresas no mundo que fazem essa separação da madeira e do grafite.
Mas e a madeira usada no lápis? E a borracha, não é um derivado do petróleo? Tem que ver isso aí.

O segundo conceito é a impressora RITI, criada pelo coreano Jwon Huan Ju. A idéia desta impressora é usar borra de chá ou café como tinta. Obviamente só faz impressões monocromáticas. É a impressora ideal para escritórios, onde sempre rola muito cafezinho. O funcionamento é simples: após acabar de tomar seu café, põe um papel na impressora, pega a borra e coloca no recipiente e comece a movê-lo da esquerda para direita para ter seu texto impresso. Isso aí, ela só funciona de você fizer esse movimento, economia de energia elétrica meu amigo!
Quero ver se tiver que imprimir documentos com umas 100 páginas, prepare o braço.

O terceiro e último conceito é a impressora japonesa PrePeat RP-3100. A proposta desta impressora é não usar tinta nem papel. É isso mesmo, nem uma coisa nem outra. Esta impressora usa um sistema de sensibilização térmica. O papel utilizado por ela é feito de tereftalato de polietileno (PET). Sobre ele há uma camada de pigmentos químicos sensíveis ao calor que formam as impressões em branco ou preto. A vantagem é que esse papel pode ser apagado e reimpresso por cerca de 1.000 vezes. É o fim do uso de papel sulfite e das tintas poluentes. A desvantagem é o preço, cerca de 6 mil dólares o equipamento e 3 dólares cada folha, mas a economia por não usar mais tanto papel e tinta pode compensar este custo.
Idéia bacana, mas o papel feito de PET poderia ser substituído por uma matéria-prima biodegradável, a base de milho por exemplo.

Enfim, nenhuma das três idéias acima é perfeita, mas já é um bom começo.

Enquanto não chega ao mercado brasileiro nenhuma dessas três idéias, opte por cartuchos de impressora que têm como base o óleo vegetal, mas leia a embalagem, não acredite nos desenhos de folhinhas verdes.

Não citei nesta postagem as impressoras offset, utilizadas em indústrias gráficas para produção de jornais, revistas, panfletos, etc. Trata-se de um sistema de impressão bem complexo, deixo para uma próxima postagem. Mas em linhas gerais, as tintas a base de óleo vegetal já começam a fazer parte do dia-a-dia de muitas indústrias gráficas.



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