SWU começa com você, mas termina no bolso deles

Por Bruno Rezende.

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Provavelmente eu seria apedrejado se tivesse publicado esta postagem antes do evento, além de correr o risco de envenenar alguns dos leitores que iam participar desse show do greenwashing nacional. Mas a espera valeu, pois os resultados catastróficos em relação à suposta sustentabilidade proposta por eles ficaram bem claros para maioria que rachou até Itú, inclusive para alguns colegas blogueiros que estavam apoiando e divulgando este evento sem avaliar o real objetivo de tudo isso.

Desde o início de setembro eu estou com o SWU entalado na garganta. O máximo que fiz pelo SWU foi a divulgação de um flashmob pelo Dia Mundial SEM Carro, pois mesmo sendo uma ação “oportunista” (que se aproveitou de um evento que ocorre todo ano no mesmo lugar) tinha uma proposta bacana. Mas ficou por isso, não fiz questão nenhuma de divulgar este absurdo publicitário que estava para acontecer, o SWU. Para evitar envenenar os leitores apresentando minha visão de marketing sobre tudo isso, acabei restringindo a exposição das minhas palavras com uma meia dúzia de amigos que insistem em me achar subversivo.

Era de se esperar que um evento de música e sustentabilidade criado por um famoso publicitário que, até onde se sabe, tem como uma das contas de sua agência uma empresa de sementes transgênicas só poderia dar errado. Estigmas a parte, havia outros problemas visíveis antes mesmo do início do evento.

A começar pelos altos valores dos ingressos e a separação de “Pista comum” e “Área Premium”. O senhor Eduardo Fischer, no alto do seu conhecimento sobre o sustentabilidade, resolveu segregar o público presente. E na sustentabilidade existe segregação peixe? Devido ao alto valor dos ingressos ficou claro que o público-alvo (ou target para nós publicitários) era de pessoas com uma classe social mais elevada. Agora eu pergunto: é esse público que tem acesso a informação através da internet, estuda em boas faculdades e vive em condomínios que precisa desta informação sobre sustentabilidade? Já que resolveram criar esta segregação, poderiam ao menos criar uma espécie de cota para quem realmente precisa desta informação, como pessoas carentes ou líderes comunitários que podem influenciar suas comunidades adotando práticas sustentáveis.

Outra questão duvidosa se refere ao tal Fórum que rolou por lá. Estava bem claro que o Fórum era totalmente separado dos shows, visto pela programação do evento no próprio site do SWU. Não sei se algum leitor já foi em um Fórum sobre sustentabilidade ou qualquer outra coisa, pelo visto o senhor Eduardo Fischer nunca foi. Só neste ano eu fui em um Fórum gratuito aqui no Rio de Janeiro e outro na Alemanha. O do Rio foi mais curto, 2 dias inteiros e na Alemanha 3 dias, todos os dois Fóruns com show no final. No SWU conseguiram promover um Fórum que durava, por dia, incríveis duas horas e quarenta minutos, um tempo recorde! Alguém conseguiu palestrar até o fim? Alguém conseguiu fazer perguntas aos palestrantes? Que espécie de Fórum foi esse? Vou evitar comentar aqui sobre os convidados, no mínimo sem a menor expressão para falar do assunto “sustentabilidade”.

Sobre o festival de música não havia nada de errado, era um festival como o Rock in Rio. O problema é que estava na cara o uso de uma ideologia sobre sustentabilidade para promoverem um festival de música como outro qualquer, para faturar uma grana gorda, só isso. Seria muito mais justo com o público presente e até com as bandas e patrocinadores, que financiaram essa vergonha, se fosse só um festival de música, como o Rock in Rio, e apagasse a sustentabilidade deste evento.

O senhor Eduardo Fischer vai ter que pensar bastante se quiser fazer novamente o SWU ano que vem, do contrário terá que fazer essa “lavagem verde” (greenwashing) fora do país. Acredito até que a proposta seja exatamente essa, pois senão o nome do evento seria no bom português algo do tipo CCV (Começa Com Você) e não Starts With You, que de uma forma ou outra ainda é falho, pois a sustentabilidade começa por todos nós.

Mas deixo aqui uma dica para arrumar este nome e fazer certo lá fora, transformem em SWUS (Starts With Us), sem $ (cifrão) no final, ok? Senão pega mal.

Quem quiser saber de mais detalhes sobre todas as falhas após o evento, pode conferir no Twitter através da hashtag #SWUFAIL ou seguindo o incisivo e visceral @swuvaitomarnocu

Deixo abaixo alguns links de blogs e sites de notícias citando várias falhas e reclamações dos presentes no festival, tem até uma denunciando fraude fiscal. Haja sustentabilidade no bolso hein!

- O que foi o SWU?
- Coma à vontade por 1 centavo?
- A insustentável esperteza do SWU
- SWU expõe as contradições de quem vê sustentabilidade como oportunidade de marketing
- Festival “sustentável” SWU não tinha bicicletário grátis




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