Especial Amazônia Pública – RIO TAPAJÓS

Por Bruno Rezende.

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A terceira e última parte da série de reportagens do projeto Amazônia Pública foi até o oeste do Pará, onde o governo federal planeja construir pelo menos duas usinas hidrelétricas que podem trazer impactos ambientais inimagináveis para os 850 quilômetros de águas de tons azuis e verdes do rio Tapajós. Esta movimentação do governo começou a impulsionar a mineração, o garimpo clandestino e oficial de ouro e a expansão do agronegócio. Enquanto isso comunidades indígenas e de ribeirinhos lutam em vão pelo direito de discutir o que será de seu futuro.

Floresta em transe

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Em torno de um dos mais belos rios da Amazônia, o Tapajós, no oeste do Pará, a movimentação do governo federal para construir pelo menos duas usinas hidrelétricas nos próximos anos já começa a impulsionar a mineração, ameaçando um mosaico de áreas protegidas. Em uma região rica em ouro e carente de Estado, o impulso trazido pelas novidades pode ser desastroso. Em meio à falta de diálogo, comunidades indígenas e de ribeirinhos lutam pelo direito de discutir o que será de seu futuro. Numa visita a Juruti, onde atua a multinacional Alcoa, vemos um exemplo das dificuldades no diálogo entre as populações locais e os grandes projetos de desenvolvimento. Completa o quadro o papel que a região pode desempenhar na logística da exportação da produção do agronegócio.


Arquitetura da destruição
O governo prevê construir pelo menos duas hidrelétricas até o fim da década no Tapajós, atingindo em cheio um rincão de biodiversidade e beleza

coluna zero, meio ambiente, sustentabilidade, amazônia, amazônia pública, rio tapajós, pará, hidrelétrica, alcoa, garimpo, desmatamento, eletrobrásPor Carlos Juliano Barros
Das usinas previstas no complexo hidrelétrico, duas delas – São Luiz do Tapajós e Jatobá, ambas no rio Tapajós – já tiveram seu processo de licenciamento ambiental iniciado no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Por enquanto, o custo das duas é estimado em R$ 23 bilhões, com verba carimbada pela segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). São Luiz do Tapajós, a maior do complexo, com capacidade para 6.133 MW, é a que está em fase mais adiantada. A obra mexe em um cenário tão delicado que, mesmo antes de ser concluído seu Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), já vem provocando uma verdadeira batalha nos tribunais. Continue lendo...


A discórdia do desenvolvimento
Nas comunidades a serem afetadas pelas usinas no rio Tapajós, entre angústia e anseios, a desinformação impera, enquanto avançam os planos para as obras

coluna zero, meio ambiente, sustentabilidade, amazônia, amazônia pública, rio tapajós, pará, hidrelétrica, alcoa, garimpo, desmatamento, eletrobrásPor Carlos Juliano Barros
Segundo dados preliminares que constam do inventário do potencial hidrelétrico da bacia do Tapajós, exatas 2.352 pessoas de 32 povoados ribeirinhos diferentes serão diretamente atingidas caso as sete hidrelétricas previstas saiam do papel. O estudo foi feito em 2008 pela Eletronorte, subsidiária da estatal Eletrobras, estatal oficialmente responsável pelas obras complexo de usinas. Movimentos sociais e entidades que assessoram essas comunidades acham que o número é subestimado. Prevista para entrar em operação em dezembro de 2018, a usina de São Luiz do Tapajós é a que está em fase mais adiantada de licenciamento ambiental. O plano do governo é licitar a construção da obra até o final de 2013. Orçado incialmente em R$ 18 bilhões, o empreendimento tem verba garantida pela segunda edição do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), vitrine do governo da presidente Dilma Rousseff. Continue lendo...


Juruti: um pacto possível?
A negociação entre a multinacional Alcoa e ribeirinhos do oeste do Pará gerou um inédito acordo por “perdas e danos”, mas ainda há dúvidas sobre a viabilidade do modelo

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Fisicamente, Franklin Feder e Gerdeonor Pereira têm pouco em comum. O primeiro é um norte-americano naturalizado brasileiro, de barba grisalha e ar bonachão – ele preside atualmente a divisão da Alcoa na América Latina e no Caribe, companhia que lidera o bilionário mercado mundial de alumínio. Alcoa é sigla para Aluminum Company of America, explicitando a origem da empresa. Já Pereira tem os olhos amendoados e o semblante sereno típicos dos que nasceram nas comunidades ribeirinhas de Juruti, município de quase 50 mil habitantes no extremo oeste do Pará, erguido na margem direita do rio Amazonas. O que aproxima os dois é a terceira maior reserva mundial de bauxita, a matéria-prima do alumínio, estimada em 700 milhões de toneladas de minério da melhor qualidade. Continue lendo...


Rio de ouro e soja
Muito além da discussão sobre as hidrelétricas, o Tapajós vive problemas relativos ao garimpo – clandestino ou oficial – e a expansão do agronegócio

coluna zero, meio ambiente, sustentabilidade, amazônia, amazônia pública, rio tapajós, pará, hidrelétrica, alcoa, garimpo, desmatamento, eletrobrásPor Carlos Juliano Barros
Além de ser considerada a última grande fronteira energética e mineral da Amazônia, a região banhada pelo rio Tapajós tem ainda outro considerável atrativo econômico: é um corredor estratégico para o escoamento da produção de soja colhida no Mato Grosso, o principal produtor de grãos do país. Até 2014, o governo federal pretende gastar R$ 2,85 bilhões para concluir o asfaltamento dos 1.739 quilômetros da BR 163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém – o maior município do oeste do Pará, localizado na foz do Tapajós. No rastro das hidrelétricas, também está prevista a construção de eclusas que possibilitarão a integração do rio Teles Pires, no Mato Grosso, com o rio Tapajós, no Pará. Além dessa hidrovia, o transporte de commodities por via fluvial também será impulsionado pela instalação de ao menos três portos no município de Itaituba, além da expansão das docas de Santarém. Continue lendo...


Veja também a galeria de fotos desta segunda série de reportagens. Abaixo você confere o vídeo “Tapajós em transe”.


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Terminamos aqui esta série de reportagens do projeto Amazônia Pública, mas a discussão sobre todos os temas abordados nesta série só está começando.

Em nome do Coluna Zero digo que ficamos muito honrados pela parceira com a Pública e também muito agradecidos pelo excelente trabalho de reportagem investigativa que fizeram. Esta série deve ser espalhada aos quatro cantos da web, pois se dependermos de “informação” da nossa imprensa só saberemos o que ocorre – de verdade – naquela região depois que a Amazônia se transformar num mega complexo industrial que atende a interesses diversos, quando só pudermos ver índios em livros de história ou empalhados em museus nas nossas capitais e finalmente quando o Brasil alcançar o objetivo de se transformar numa versão piorada da China. Infelizmente tudo leva a crer que a intenção é essa.

Estaremos de olho e fazendo nossa parte. Faça a sua também, se informe e repasse.




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