Especial Amazônia Pública – RIO MADEIRA

Por Bruno Rezende.

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A segunda série de reportagens do projeto Amazônia Pública foi ouvir os moradores do entorno das hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio, em Porto Velho. Histórias sobre ondas que estão engolindo casas e grandes mortandades de peixes, enquanto pescadores passam necessidade depois de perder seu sustento.

Damos continuidade na parceria com a Agência Pública de Reportagem e Jornalismo Investigativo republicando uma série de reportagens investigativas que percorreu três regiões amazônicas buscando explorar a complexidade dos investimentos atuais na Amazônia e ouvir todos os atores envolvidos – governos, empresas, sociedade civil - para traçar o contexto em que esses projetos têm sido desenvolvidos.

O volume de informações é extenso, portanto disponibilizaremos uma prévia de cada reportagem seguida de um link para a matéria completa no site do projeto. Abaixo segue a segunda parte: Rio Madeira.


As usinas que engoliram o rio

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Em torno da capital de Rondônia, Porto Velho, mostramos como a construção das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, está trazendo impactos sobre a população, a economia e o meio ambiente. Ribeirinhos e pescadores afetados pelas obras são removidos de suas moradias sem garantia de que conseguirão novas formas de sustento. Apesar de uma série de condicionantes ter sido prevista, Porto Velho e as vilas que a cercam padecem com problemas como falta de segurança e escolas. Também mostramos que, enquanto as empresas estão em busca de apressar as obras e maximizar os lucros, os trabalhadores sofrem com acidentes de trabalho e enorme pressão dos empregadores. Diante da pressa e do descuido humanos, a natureza já começa a dar seu troco: desbarrancamentos imprevistos e mortandades de peixes são alguns fenômenos que já estão ocorrendo. Conheça a cara do progresso trazido pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).


A Guerra dos Megawatts
Enquanto as empresas disputam entre si para extrair o máximo de energia do rio Madeira, aumentam os impactos das obras sobre a população local e o meio ambiente

coluna zero, meio ambiente, sustentabilidade, amazônia, amazônia pública, rio madeira, porto velho, rondônia, hidrelétrica, desmatamento, degradaçãoPor Ana Aranha
Uma briga entre peixes grandes revolta o curso do rio Madeira. As usinas hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio, segundo e terceiro maior potencial hidrelétrico do Programa de Aceleração do Crescimento, disputam cada megawatt a ser extraído das águas de Rondônia. Desde que ganharam o leilão para explorar o rio, entre 2007 e 2008, os empreendimentos tentam antecipar as obras e fazem alterações ao projeto para aumentar a geração de energia. Mas, construídas com 110 quilômetros de distância entre elas, ambas as usinas alegam que as mudanças pleiteadas pela vizinha prejudicariam o seu projeto. E batem na porta do governo federal, responsável por autorizar cada alteração, com argumentos técnicos e ameaças jurídicas. Continue lendo...


Um rio em fúria
Ondas engolem casas, e peixes aparecem mortos, enquanto pescadores passam fome. A usina de Santo Antônio mudou o rio e a vida em Rondônia

coluna zero, meio ambiente, sustentabilidade, amazônia, amazônia pública, rio madeira, porto velho, rondônia, hidrelétrica, desmatamento, degradaçãoPor Ana Aranha
Dois dias antes do início dos testes na primeira turbina da hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, o telefone tocou na casa da pescadora Maria Iêsa Reis Lima. “Vai começar”, avisou o amigo que trabalhava na construção da usina. Iêsa sentou na varanda e se pôs a observar as águas, esperando o que sabia ser uma mudança sem volta. “O rio Madeira tem um jeito perigoso, exige respeito. Os engenheiros dizem que têm toda a tecnologia, mas nada controla a reação desse rio.” Semanas depois, no início de 2012, as águas que banham a capital Porto Velho começaram a ficar agitadas. As ondas cresciam a cada dia, cavando a margem e arrancando árvores. O deque do porto municipal se rompeu. O rio alcançou as casas, até que a primeira delas ruiu junto com o barranco para dentro das águas. Continue lendo...


Vidas em Trânsito
Em meio às obras em Rondônia, milhares de homens e mulheres se encontram e desencontram, e o dinheiro desaparece com a mesma velocidade que surge, em meio a sexo, violência e ausência dos órgãos públicos

coluna zero, meio ambiente, sustentabilidade, amazônia, amazônia pública, rio madeira, porto velho, rondônia, hidrelétrica, desmatamento, degradaçãoPor Ana Aranha
“Quando cheguei aqui, achei triste, chorava toda noite. Essa poeira, as ruas sem asfalto. Eu trabalhava lavando louça, não lembro como fui pela primeira vez. Ele era estranho, levou pó pra cheirar no quarto, queria beijar na boca, transar de novo. Depois chorei. Se fosse na minha cidade, ia ter vergonha, nojo. Aqui é normal, quase todas as meninas fazem. Eu mudei, não sou a mesma mulher.” Micheli (nome fictício) tem 20 anos. Há quatro meses, deixou sua cidade natal, no Pará, e desembarcou na vila de Jaci Paraná, distrito de Porto Velho, Rondônia. Encontrou trabalho e morada em um brega, nome local para bordel, onde começou ajudando na limpeza. Em duas semanas estava se prostituindo, como “quase todas as meninas”. Continue lendo...


Veja também a galeria de fotos desta segunda série de reportagens. Abaixo você confere o vídeo “Rio em fúria”.


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Fique de olho, na próxima semana, a partir de 10 de dezembro, publicaremos o último bloco desta série de reportagens do projeto Amazônia Pública. Tapajós - uma região à espera da chegada de empreendimentos que podem afetá-la de forma decisiva.




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