A extinção dos Ecochatos

Por Bruno Rezende.

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Há algum tempo tenho notado que o pejorativo termo “ecochato” está desaparecendo. Sinceramente, chego a sentir saudades de ser rotulado assim, recebia isso como um elogio. Mas isso não quer dizer que as pessoas rotuladas assim deixaram de existir, apenas substituíram o preconceituoso termo por “ecolegais”, muito mais bonitinho e ordinário. Mas você sabe por quê?

É simples, mas antes de responder vou pegar um exemplo que ilustra melhor essa mudança imposta pela hipocrisia da nossa sociedade. Vou citar o cigarro como exemplo: há décadas atrás o ato de fumar era visto como um sinal de luxo, status social, elegância, sofisticação, etc e tal. Hoje em dia fumar é tido como um ato sujo, repugnante e deprimente, reprimido por leis, por não fumantes e ex-fumantes (estes costumam ser os mais chatos de todos). Fumar um cigarro hoje não é fácil e nada luxuoso como visto antigamente. Quem impôs essa nova realidade para os fumantes? A sociedade, a mídia, interesses políticos, o contexto de uma forma geral.

A mesma mudança ocorre hoje em dia com o fim do termo “ecochato”. Este termo pejorativo e generalizado surgiu há algumas décadas atrás como forma de intitular aquelas pessoas que se preocupavam com meio ambiente, não importava se eram ativistas radicais ou pacíficos, estimular atitudes responsáveis em relação ao meio ambiente era sinal de ser ecochato. Mas diante de todas as mudanças ambientais que estamos observando hoje no nosso quintal, muitas provocadas por pequenos gestos que poderiam ser evitados pela sociedade, se preocupar com o meio ambiente deixou de ser chato, se tornou legal. Haja hipocrisia, mas é assim que funciona.

Estamos vivendo um momento em que se preocupar com o meio ambiente, sustentabilidade, consumo responsável e afins virou moda. Isso é ótimo! Mas não pense que é uma moda passageira, essa veio pra ficar. Prova disso é que os chatos ecológicos viraram pessoas legais e aqueles que nos chamavam de chatos que se cuidem, que revejam seus conceitos para não sofrerem a mesma ira que os fumantes sofrem da sociedade. E como chamar uma pessoa dessas? Como eu poderia chamar um sujeito que não se preocupa com nada além do seu umbigo e continua achando que ele não é parte do meio ambiente? Ecoburro, FDP? Sei lá, em breve a sociedade vai criar uma denominação para essa raça.

Existe também uma vertente mais sofisticada, são os que se pintam de verde para usar as questões ambientais como uma nova unidade de negócio, visando apenas aumentar suas receitas. Mas essa raça será desmascarada com o tempo. Há algum tempo escrevi um post sobre Greenwashing que detalha melhor sobre isso. Leia aqui.

Enfim, da mesma forma que a sociedade cria um termo, um produto, um estilo de vida, ela destrói, reinventa e discrimina. Quantas vezes você não teve que comprar um produto ou mudar de opinião para ser aceito por um grupo? Pense bem, você já fez isso ou faz diariamente sem perceber. O mesmo está acontecendo hoje com relação ao meio ambiente, a maior diferença é que estamos diante de uma oportunidade na qual poderemos aderir a uma moda diferente das outras, pois essa visa o bem-estar comum.

Se você já foi chamado de ecochato e se incomodava com isso, relaxe. Acabou! Perante a sociedade você agora é “legal”, não tenha vergonha de ter atitudes responsáveis e estimular os outros com isso. Mas se você é daqueles que está cag..ndo e andando para tudo isso e só pensa em seguir os modismos para ser aceito, quebrou a cara, a moda agora é essa. Siga para não ser perseguido.




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