O fracasso das Ecobags nos supermercados

Por Bruno Rezende.

coluna zero, meio ambiente, consumo consciente, sustentabilidade, zero utopia, ecobags, greenwashing

Após eu ler esta entrevista no site da Folha, resolvi constatar o fato ao passar uma semana andando por alguns supermercados do município do Rio de Janeiro. Visitei alguns supermercados direcionados para as classes “A e B” e outros da classe “C e D”. Não citarei o nome destas empresas, até porque só vale a pena citar quando existe algo bom para se mostrar.

Um fato é comum em todos os supermercados que visitei: a comercialização das Ecobags e a permanência em usar sacolas plásticas poluentes. São vendidas em vários tamanhos, cores, formas, materiais e principalmente com preços bem diferenciados. As bolsas que são vendidas nos supermercados para classe “A/B”, localizados na Zona Sul da cidade, estão entre R$8,00 e R$20,00. Já nos supermercados da classe “C/D” a média está entre R$2,99 e R$9,99 – não podia faltar o artifício dos 99 centavos, preço psicológico usado tradicionalmente em público sensível a preço.

Nos supermercados da classe “C/D” notei a grande quantidade de Ecobags empoeirando, literalmente, na saída dos caixas e nenhum consumidor guardando suas compras em algo diferente de sacolas plásticas. Nos supermercados da classe “A/B” a quantidade de bolsas era menor e estavam localizadas em uma gôndola reservada, além disso, na saída dos caixas havia algumas poucas senhoras guardando suas compras em carrinhos, ou melhor, guardando no saco plástico e colocando no carrinho. Já que estão usando o carrinho poderiam evitar o uso do saco plástico se substituíssem por uma Ecobag dessas, mas não vi este comportamento.

Sem estender muito essa pesquisa informal de comportamento, deu para perceber que os supermercados, indiferentes da classe econômica/social, entraram na moda de Ecobags apenas por um modismo que gera lucros. A sustentabilidade é o novo item do mix de produtos vendidos nos supermercados. Nenhum supermercado abanou as sacolas plásticas, muito menos os consumidores. Somos sim, dependentes do plástico. Não adianta empurrar, quer dizer, vender para o consumidor uma Ecobag. Já é difícil essa mudança de comportamento, mais difícil ainda quando tem que se pagar por ela.

No fim da década de 80 os grandes supermercados abandonaram as sacolas de papel e mudaram nosso comportamento ao nos fornecer uma única opção para carregar nossas compras, as sacolas plásticas. Elas eram mais resistentes, duráveis e davam mais status aos supermercados e às suas marcas. Seguindo a tendência do plástico nas grandes redes varejistas, os pequenos supermercados também substituíram suas sacolas de papel sob o risco de perder clientes se não fizessem esta migração.

Hoje em dia é possível repetir essa mudança feita pelos supermercados na década de 80, substituindo as atuais sacolas de plástico poluente por sacolas de plástico biodegradável, por sacolas de pano ou qualquer outro material ambientalmente responsável, sem nos cobrar a mais por isso. Acredito que essa seja a solução mais efetiva, inteligente e sustentável, pois da mesma forma que fomos condicionados a usar as sacolas poluentes poderíamos ser condicionados usar as sacolas biodegradáveis, basta os supermercados mudarem novamente. Leia: "O saco plástico não é vilão e a ecobag não é solução.

Seja como for, a mudança do comportamento deles forçará a mudança do nosso comportamento.



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